Grande procissão encerra Festejos de Nossa Senhora dos Prazeres em Goianinha
Uma grande procissão encerrou oficialmente as festividades de Nossa Senhora dos Prazeres, Padroeira do município de Goianinha. Milhares de fiéis percorreram as principais ruas da cidade, demonstrando fé e devoção à santa. Na opinião de muitos, uma das maiores dos últimos anos.
Assim como tradicionalmente vem ocorrendo, o andor com a imagem de Nossa Senhora dos Prazeres fez todo o trajeto sendo acompanhada por uma multidão de fiéis. A banda da Escola de Música de Goianinha também esteve presente e deu o tom especial a manifestação de fé. À frente da procissão, estavam o Monsenhor Armando de Paiva e o Padre Cláudio Luiz que fizeram o trajeto puxando cantos de louvor e orações.
A nossa coluna conversou com o Padre Cláudio Luiz ao final da procissão. Para o padre, o não acontecimento da festa social em nada atrapalhou as festividades religiosas. Ele também falou a respeito da harmonia da comunidade nos bastidores da festa.
"A gente vem percebendo que é um processo, nada se faz do dia para a noite. A festa tem crescido, claro, não direi que seja a maior mas, cada ano a festa dá a impressão de ser sempre a maior. Eu achei uma das mais organizadas. Realmente o novenário, em todos as noites, atraiu muita gente. Ai, claro, a gente percebe que houve um empolgamento com a pintura da igreja. Acho que a igreja estava muito feia e a pintura, quer queira ou não, anima a comunidade. Ou seja, provoca um certo entusiasmo. Houve também a peregrinação, a visita as famílias. Então tudo isso foi como que preparando e motivando. A gente percebe, de fato, o povo tomando uma consciência de um desejo de viver a fé. Ou seja, a cada ano notamos um crescimento, esse desejo, da festa ser grande e ela é grande realmente. Comparar de um ano para o outro é sempre difícil por que não temos como contar mas pelo fato de não ter havido a festa social, eu não percebi que caiu a festa religiosa, pelo contrário, até não quero fazer alusão alguma dizendo que a festa social diminuiria a festa religiosa. Eu acho que não. Acredito que são tempos diferentes e também neste ano não choveu, acho que um fato que se deve salientar. Chovia de dia mas não chovia a noite e isso favoreceu o povo vir para a igreja. Neste ano, a natureza ajudou no brilho da festa. Mas é isso, acho que foi positiva a festa", falou.
Padre Claudio também falou a respeito da harmonia da comunidade nos bastidores da festa e do desafio de comandar a comunidade católica de Goianinha. "Internamente, quem está nos bastidores percebe muito mais do que quem está fora. E por trás dos bastidores, eu senti mais harmonia. Menos desgastes, menos estresses. Pois tem ano que tem muitos desencontros. E nesse ano, houve mais harmonia. Tudo fruto de uma insistência, de um trabalho sutil. Não é tão simples mudar. Mudar as vezes requer anos e até gerações. Não é tão simples mudar uma caminhada de muitos anos. O Monsenhor Armando está aqui há muitos anos e por ser muito mais recatado, na dele, cobrava menos das pessoas. E eu, sou mais presente, acompanho mais, sou de dentro e exijo mais também. E claro, cada um vai dando a sua contribuição. Ele é o grande pioneiro dessa festa. A festa começa pequena e na insistência dele, do jeito dele, ele faz a festa crescer. Ele tem o mérito e ninguém vai tirar o mérito dele. Afinal, já são 58 anos aqui. São muitas festas com ele à frente. E nós, vamos colaborando. Não gosto muito de comparar, por que cada um é cada um. Cada pessoa tem o seu jeito, tem a sua característica. O Monsenhor construiu com o jeito dele. Fez um grande trabalho do jeito dele e eu, claro, vou fazendo do meu jeito. Não é tão simples porque encontramos as resistências, pessoas que estavam acostumadas a colaborar de maneiras diferentes e eu vou tentando driblar. Tentando compreender cada pessoa. Tentando colocar cada pessoa no seu devido lugar para que haja mais harmonia e a festa possa acontecer. Então, eu vejo que teve muita harmonia, e uma palavra que me sintetiza a festa é harmonia. As pessoas se conscientizaram que a beleza da festa não depende do Padre ou do meu grupo, mas de todo mundo junto, somando, permitindo uma beleza que dar nesse resultado que percebemos neste ano de 2016", falou.
A nossa coluna também questionou o Padre Cláudio a respeito de sua percepção da festa sendo ele natural da cidade. "Cada vez que leio o evangelho que o Nosso Senhor diz que nenhum profeta é bem aceito na sua terra, eu sempre leio e me atualizo. Leio pra mim também, pois não é tão simples. Há um limite como quem anda em cima de um fio. O limite do afeto e agora o limite da responsabilidade. Tanto de minha parte para com o povo, quando do povo para comigo. Não é tão simples porque ha momentos que eu posso agir como o simples filho e há momentos, quase sempre, que tenho que agir como padre. E não é tão simples, nem para mim e nem para a comunidade, esse limite que é muito difícil. Inclusive, muita gente ainda tem como referencia o Monsenhor, pela idade, pela maturidade, pelo tempo. E eu, por ser mais novo e ser daqui, as vezes é até um pouco de naturalidade um: 'Oi, Cláudio.'Oi, Cláudio'. A dimensão do respeito passa longe. Não o respeito em si, mas eu digo essa reverencia, talvez. Muita gente me ver mais como um filho da terra, como amigo, como aquele que viu crescer e as vezes isso dificulta, porque na hora que a gente tem que agir com autoridade, no sentido de servir e conduzir, as vezes isso choca. Então, para mim, é sempre muito exigente e isso me desgasta muito interiormente, pois eu tenho que acertar e nesse acerto as vezes a gente magoa alguém, fere alguém, alguém as vezes não esperava isso de mim porque me viu crescer, porque gosta de mim, quer bem, as vezes alguma atitude minha, porque é preciso na dimensão administrativa, gera alguns conflitos, mas é indispensável isso. Não tem como acertar sem haver conflitos. Os conflitos e desencontros são do dia a dia, são da convivência humana", explicou.
Padre Cláudio também comentou sobre a procissão deste ano. "Olha, a procissão pra mim só tem um problema, que a gente tentou resolver este ano e não resolveu: dois carros de som. Um carro de som não comporta mais a procissão. Tem que ir um na frente e outro atrás, pelo fato de ter crescido o número dos fiéis e sem o som a gente não consegue rezar. Nesse ponto a procissão deixou a desejar neste ano no sentido da oração, do canto, que o som atrás ajuda atrás e quem está na frente? Pois então, no próximo ano não poderá, de jeito nenhum, haver só uma carro de som. Precisamos ajudar o povo a rezar durante a procissão".
Foto: Rosângela Pontes
0 comentários: