A gestão Junior Rocha em Goianinha e a pauta que vem das redes sociais

domingo, maio 15, 2016 pHablo Galvão 0 Comments

Ainda no primeiro mandato (2008-2011) o prefeito de Goianinha Junior Rocha teve como principal desafio suceder a bem aprovada gestão Dison Lisboa (2001-2004 e 2005 - 2008), vale destacar que esta última fora a grande campeã no marketing de resultados mas deficitária em termos práticos em algumas ações. Explico isso tendo em vista que ao assumir, Rocha teve como primeiras ações de seu governo finalizar algumas obras deixadas pelo ex-prefeito Dison. Exemplo disso, a responsabilidade que lhe coube de ter concluído o centro administrativo sem levar nenhum crédito por tais atos. E o mais traumático e o que mais marcou o primeiro mandato de Junior Rocha foram as construções das arquibancadas do Estádio Nazarenão para que o mesmo pudesse receber aos jogos do América de Natal. Do episódio, aprendi que fazer um estádio é apenas construir muros e colocar grama no chão. Nunca tinha visto na vida alguém construir um estádio com apenas um lance de arquibancada. Era só pra dizer que tinha e que não era um simples campo?!

Piadas á parte, Junior Rocha leva os bônus também por ter mudado a festa da padroeira Nossa Senhora dos Prazeres para um novo espaço, aumentando completamente a estrutura da festa de abril. Acontece que o prefeito acabou deixando um primeiro mandato carregado por um sentimento popular de que poderia ter feito muito mais e foi por isso que surgiu uma aprovação forte no município de que ele deveria concorrer à reeleição e não ceder espaço para um terceiro mandato de Dison. E numa manobra de bastidores no dia da convenção, no ato da assinatura da ata da chapa, Junior conseguiu destituir Dison da jogada e acabou consagrando-se como candidato à reeleição em Goianinha.

E foi o que aconteceu, quase sem oposição, Rocha ganhou o apoio popular para o seu segundo mandato (2012-2016). Muito levando em conta a marca do seu carisma e sua humildade. Na época, não se tinha uma pessoa que não elogiasse a postura e a facilidade de acesso ao prefeito de Goianinha. Verdade seja dita naquela época, Rocha reunia em torno de si mais apoiadores do que a era Dison Lisboa conseguiu reunir, lógico que muito desse apoio também se deu em consequência da aprovação da gestão passada. No entanto, o tempo foi passando e as dificuldades aumentando.

Nos dias atuais, falar da gestão Junior Rocha é linca-la quase que exclusivamente ao Polo Industrial de Goianinha. Vale destacar que ele já é uma realidade e o prefeito merece todo o respeito por isso. E aqui não a desmereço de forma nenhuma. O Polo Industrial deve ser tratado como uma prioridade absoluta no município até porque vai beneficiar inúmeras famílias, mas acredito que a gestão não deveria seguir o caminho de tocar a cidade como se só existisse essa questão. Falo isso porque o sentimento é que a cidade não vem andando e a justificativa para isso não é de consequência apenas da crise econômica brasileira.

Falo sem nenhuma sobra de dúvidas que a maior dificuldade de Goianinha em 2016 é a de vencer o comodismo que se instalou na administração pública municipal decorrente de todos esses anos que o mesmo grupo permanece no poder. E ao meu lado estão todos os últimos fatos. Deixando outras questões de lado, como a reclamação de alguns fornecedores, só em 2016, a gestão Junior Rocha passou por mais polêmicas e criticas populares de que qualquer outra da região. Para você não dizer que estou pegando no pé do senhor prefeito, nas redes sociais a cada mês uma nova polêmica repercutiu neste ano, vamos aos fatos: Em Janeiro, a queima de fogos do réveillon foi um grande mico por não conseguir ser visualizada pela população em frente ou até mesmo na calçada da igreja matriz. Somando ao foto dos fogos, o gasto com as bandas do réveillon também fora bastante criticada nas redes sociais. Não vou nem relembrar os valores gasto no evento.

Veio fevereiro, e a não realização do bloco carnavalesco Acorda Zé Pereira ganhou novamente as redes sociais. Particularmente fiquei muito surpreso com a decisão da prefeitura, tendo em vista que os gastos com o evento eram apenas com as camisas distribuídas aos idosos, bem como o café da manhã e o mini-trio para o percurso. Pergunta: Será que não tinha uma opção razoável para que o evento pudesse ter acontecido? Cortasse as camisas e colocasse uma charanga ou uma bandinha de sopro, os idosos do projeto mereciam isso... Bom, nada disso aconteceu e veio a grande falha com o problema elétrico no trio na noite do Zé Pereira. Aí, não tinha um palco e não tinha um trio de reserva. Tome madrugada adentro até o problema ser resolvido.

Chegando a semana santa, uma nova polêmica com a decisão de só distribuir o peixe apenas para as famílias participantes do programa bolsa família. E a maior de todas, a recomendação do Ministério Público para que o prefeito não realizasse a festa da padroeira. Nessa questão, muitos dos assessores/correligionário/secretários do prefeito o parabenizaram nas redes sociais pelo fato. Mas ai uma grande questão, o porquê que o prefeito merecia ser parabenizado se a decisão partira do promotor? Ora, Rocha ainda chegou a apresentar três propostas ao promotor para que a festa pudesse ser realizada, pelo que apurou esta coluna. Junior queria fazer, só não a fez porque sabia que as consequências seriam bem piores. Logo, não tinha o que fazer a não ser aceitar e aqui, se tem alguém que merece o ônus e o bônus de tudo é o próprio promotor, coberto de razão em exigir antecedência e planejamento da administração. Não se pode permitir que uma cidade como Goianinha apresente à justiça uma programação de um evento público grandioso na semana que o mesmo seria realizado.

Percebeu que venho falando muito em redes sociais? Pois bem, essa parece ser a grande norteadora da gestão Junior Rocha em 2016. E não é estranho notar que todas essas polêmicas repercutiram amplamente nas redes. Não se tem um único acontecimento que envolva a gestão que não tenha sido levantada primeiramente nas redes sociais (WhatsApp/Facebook). E aqui também não critico tal fato. As redes sociais e as novas tecnologias devem, sim, auxilar no trabelho de qualquer profissional. Mas acontece que a gestão atual de Goianinha tem se prendido bastante na questão ao ponto de deixar transparecer que só resolve um determinado problema se o mesmo for  amplamente criticado e debatido nas redes. Fica muito estranho se prender a essa pauta depois de todo o alvoroço da mesma. A sensação que fica é a de que não foi feito antes porque não se quis.

Para não dizer que estou falando abobrinha, como exemplo trago a história dos transportes universitários. A gestão municipal sabe que todo ano as aulas na capital do estado começam primeiro do que as aulas na rede de ensino do município. Acontece que, todo ano, desde que o transporte passou a ser oferecido, há 14 anos mais ou menos, e o mesmo drama. A prefeitura só passa a disponibilizar os ônibus depois que os estudantes vão as redes sociais reclamar. Será que os anos anteriores nunca serviram como exemplo? Se o município não tem amparo legal para manter o serviço, conforme é a alegação de todos esses anos, porque ainda não foi criada na Câmara Municipal algum dispositivo que possa ajudar nesse aspecto? Recentemente ao criticar tal situação uma estudante universitária da cidade fora parar na delegacia com a alegação de ter chamado tal descaso de incompetência no Facebook. E aí pergunto, isso não é incompetência? Pois bem, me leve à delegacia também porque acho que sinal de competência, é o que não é. Os universitários tem horários e responsabilidades e não podem se dar ao luxo de ser penalizados por falhas sistemáticas de nenhum setor público. É necessário um cronograma e um plano de ações para recorrer em caso de urgência. Lógico que falhas ou problemas poderão acontecer, ninguém está livre de contra tempos, mas é interessante perceber a frequência que tal situações vinham acontecendo. É justamente a frequência dessas falhas que se critica. Depois do caso da estudante/delegacia foi constatado uma melhora pelos estudantes significante nos serviços. Palmas para as redes sociais. Em 2016 não se pode levar a sério nenhuma gestão pública que tenha qualquer descaso com seus estudantes, isso em nenhum lugar do mundo.

Que fique claro que não estou dizendo que todos da gestão estão acomodados. Não é uma crítica direcionado às pessoas. Não é isso, reconheço o esforço e a dedicação de muitos dos que fazem parte. Também sei que não é fácil, mas não posso deixar de apontar que a visão de quem está de fora é essa mesmo de que a gestão, num sentido mais amplo, parece estar acomodada e é preciso mudar essa percepção e dar uma sacudida para acabar com essa cultura de achar que postar fotos no instagram/facebook é a finalidade e não o de mostrar os resultados concretos de cada trabalho. Talvez todas essas questões exemplificadas a cima, na raiz, possa explicar a taxa de rejeição encontrada nas últimas pesquisas internas.

Não faço aqui uma tentativa de generalização até porque na atual gestão tem sim iniciativas a serem comemoradas como a da Saúde pública, que mesmo com as dificuldades que extrapolam o poder do município, tem conseguido oferecer um bom atendimento. As críticas existem pois nada é perfeito, no entanto, a verdade é que a Saúde de Goianinha é uma das melhores da região, isso dentro de toda a sua capacidade. A educação segue no mesmo caminho e os altos índices de algumas escolas da rede comprovam isso. Está aí, o Dona Mariquinha e as consequentes aprovações de estudantes nos IFS e nas faculdades. Também há muito o que comemorar no fato da gestão oferecer transporte universitário direcionado à capital nos três turnos e agora oferecer também o serviço com destino ao IFRN de Canguaretama. Só acho, que era preciso estender esses resultados para o resto da administração. Não se pode permitir que falhas, como a que surgiu em decorrência das últimas chuvas que alagaram boa parte da cidade pelo fato da lagoa da Cangaíba ter virado praticamente um piscinão para ceder lugar a avenida nova. E olha que o conjunto da Batalha corre sérios riscos nos próximos períodos de chuvas com as novas construções na avenida. Ninguém tá vendo isso?

Falo tudo isso aqui com o absoluto respeito e porque conheci um Junior Rocha todo empolgado querendo implantar uma sexta-feira cultural na Avenida Nova. Um Junior que beneficiou crianças portadores de necessidades especiais com novas cadeiras de rodas sem fazer zoada alguma e nem marketing com o fato. O fez pelo simples dever e compromisso de querer ajudar e de si sentir grato por isso. Era nítido a sua preocupação com todas as questões da cidade. É desse Junior Rocha que Goianinha hoje sente falta e não daquele que aprova, mesmo que indiretamente, que uma estudante universitária da cidade vá parar na delegacia por uma critica postada no Facebook. Não sento falta do prefeito que inaugura uma transferência de local de uma clinica de fisioterapia porque não tem o que inaugurar. Não que tudo isso tenha de fato o seu aval propriamente dito, não o sei se teve/tem, mas só o fato de ter acontecer e existir na sua gestão acaba se tornando sua responsabilidade. Dison não teria deixado essa situação chegar nem na metade do que chegou. Além de tudo, vamos cobrar respostas de quem, se não do prefeito?!

Deste último ninguém sente falta e nem vai sentir, me desculpe a sinceridade. Sei de todas as benfeitorias da gestão e sei também que existe um Junior Rocha que tinha tudo para ir muito mais longe. Vi isso com meus próprios olhos. E na realidade, faz falta e até decepciona essa mudança aparente nas atitudes. O  fato é que diante de todos esses últimos acontecimentos sou forçado a dizer que a sorte de Goianinha, é que independente de quem venha a ganhar as eleições, seja ele o Berg Lisboa (PSD), Alexandre Veras (PTN) ou o Renato Lima (DEM), a cidade não terá um novo mandato de Junior Rocha pela frente. Será de todo efeito e necessidade um novo governo, seja qualquer uma das três opções a ganhar. Ela terá a oportunidade de mudar muita coisa na cidade e devolver ao povo de Goianinha mais oportunidades valorizando sua cultura e o seu meio ambiente, por exemplo. Infelizmente preciso dizer isso. É uma abertura para o novo que terá a oportunidade de apresentar uma estrutura renovada. Ainda bem que a cidade tem essa opção e que Berg/Alexandre/Renato não nos decepcione.


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